quarta-feira, 2 de setembro de 2009

'Flordelis - basta uma palavra para mudar'










No início dos anos 90, o tráfico de drogas já se mostrava presente no Rio de Janeiro, aliciando menores. Neste contexto de guerra urbana surge Flordelis, professora pública criada na favela do Jacarezinho, Rio de Janeiro, e que nas madrugadas de sexta-feira andava sozinha pela favela procurando crianças e adolescentes para entender o motivo de terem optado pelo caminho das drogas e do crime.



Em uma madrugada depois do carnaval de 1994, houve Central do Brasil uma chacina provocada por um grupo de extermínio, contratados para assassinar meninos de rua. Naquela noite, houve crianças mortas e as outras 37 que escaparam resolveram pedir ajuda para esta tal FlordeLis. Nesta época a professora já morava com cinco adolescentes que tinham desistido do mundo do tráfico. Mas o que ela poderia fazer com outros tantos meninos e meninas que a imploravam por um novo lar? Flor não pensou duas vezes, acolhendo-os de uma só vez em sua casa.



Após 15 anos, muitas histórias surpreendentes marcaram a trajetória desta mulher, algumas delas presentes no filme "Flordelis - basta uma palavra para mudar". Entre elas, algumas se destacam como quando achou uma de suas atuais filhas ainda recém-nascida abandonada no lixo da Central do Brasil. Ela a encontrou levada pela mãe biológica da menina que, arrependida, procurou Flor para contar que havia abandonado o bebê.



Outros momentos importantes são contados pela voz das crianças. Seus depoimentos são narrados por atores conhecidos do público que incorporam esses personagens reais e suas histórias. Entre eles, a época em que Flor foi perseguida pela polícia por não ter autorização legal da guarda das crianças, a ajuda recebida do sociólogo Herbert de Souza (Betinho), a festejada adoção legal autorizada pelo juiz Ciro Darlan, as ameaças de morte e o filho ex-gerente do tráfico que se regenerou e atualmente conclui a faculdade de Direito.



Para ter sua vida mostrada nas telas de cinema, Flordelis contou com a ajuda de pessoas que se comoveram com sua história de superação, entre elas Marco Antônio Ferraz, até então editor de moda e que assina pela primeira vez a direção de um filme ao lado do novo cineasta Anderson Corrêa. Ferraz foi o responsável por divulgar o projeto entre atores e apresentadores que fizeram questão de integrar o elenco do longa-metragem.


Entre eles, nada menos que Reynaldo Gianecchini, Letícia Sabatella, Deborah Secco, Fernanda Machado, Letícia Spiller, Cauã Reimond, Aline Moraes, Fernanda Lima, Rodrigo Hilbert, Ana Furtado, Erik Marmo, Guilherme Berenguer, Pedro Neschling, Sergio Marone, Thiago Rodrigues, Bruna Marquezine, Caroline Oliveira, Cris Vianna, Graziela Schmitt, Isabel Fillardis e Júlia Mattos.



Atualmente Flordelis tem 50 filhos (quatro deles biológicos) de 2 a 34 anos, sendo que 44 deles ainda morando com ela. A família vive em uma casa de nove cômodos em Niterói alugada e mantida através de doações. Apesar de poucos recursos financeiros a ex-professora continua ajudando crianças através do instituto que leva seu nome. O objetivo do longa-metragem é a compra de uma casa para a Flordelis e seus filhos até então alugada e mantida através de doações. Posteriormente, a verba será destinada ao Instituto Flordelis de Apoio ao Menor (IFAM) através de cursos profissionalizantes, reabilitação de crianças e jovens drogados e de menores abusados sexualmente.



"Somos amigas, fico boba de ver como as crianças já cresceram", comenta Fernanda Lima. "O trabalho deles é lindo e muito verdadeiro. Sempre que ela precisar de mim estarei pronto para ajudá-la", acrescenta Reynaldo Gianecchini.

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