terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mostra da Culinária de Terreiro aporta no Museu da Abolição



A riqueza de sabores da gastronomia afro-brasileira ganha destaque na segunda edição da Mostra da Culinária de Terreiro de Pernambuco. O evento, que este ano aporta no Museu da Abolição, centro de referência da cultura afro-brasileira no Estado, oferece ao público a oportunidade de conhecer - e degustar gratuitamente - as iguarias servidas nas Casas de Candomblé durante os rituais da religião de matriz africana, também conhecida como Xangô. Além de saborear delícias como o "Padê" e o "Ekurú", os visitantes receberão informações sobre a história e a significação religiosa das receitas. A entrada também é gratuita.

Ao todo, 13 tendas estarão montadas na área externa no Museu, cada uma delas administrada por um terreiro de Candomblé de Pernambuco, selecionados pelo Centro de Cultura Afro Pai Adão. Cada estande apresentará comidas ligadas a um determinado deus africano, chamados de “Orixás”. Haverá ainda uma barraca dedicada às crianças, ou “erês”, com pipocas, balas e outras guloseimas. A concessão aos pequeninos se deve à proximidade do Dia de Cosme e Damião, comemorado em 27 de setembro, que, na tradição do Candomblé é representado pelo Orixá Beiji.

“No Xangô, cada Orixá tem uma identidade com cores, danças, orações, culinária e proibições específicas. Alguns, por exemplo, como Oxalá, não toleram sal e azeite de dendê. Assim, cada Orixá tem suas oferendas preparadas de forma específica, respeitando-se às restrições dessa divindade”, explica Pai Manoel Papai, babalorixá do terreiro mais antigo em atividade em Pernambuco, o Obá Ogunté - fundado por uma negra africana (IfáInuké), em 1875, posteriormente transformado em Sítio do Pai Adão. Segundo ele, “o evento reafirma a gastronomia como expressão da nossa cultura e propõe a preservação e divulgação desse patrimônio imaterial da cultura afro-brasileira”.

Entre as receitas que integram a Mostra, algumas já familiares aos pernambucanos, como o Acarajé e o Vatapá. A maior parte dos pratos, no entanto, ainda é restrita aos adeptos dos rituais realizados nas Casas de Candomblé, a exemplo do Padê (farinha de mandioca, cebola), frango para Exu na Nação Xambá (frango, azeite de dendê e cebolinho) e do Ekurú (feijão macaça, azeite de dendê, camarão e cebola). Há, ainda o Beguiri, à base de carne e quiabo, e, novidade nesta edição da mostra, a moqueca de peixe que, segundo Manoel Papai, é diferente das preparadas nos terreiros baianos.

Realizada pela empresa de Produção Cultural Aurora 21, com patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco (Funcultura), a programação da Mostra contemplará ainda apresentações de cânticos em ritmos africanos e toadas em línguas africanas.

ATRAÇÕES

Além das próprias barracas com comidas, a Mostra de Culinária de Terreiro vai promover, a cada dia, uma atração artística significativa da cultura afro. Veja a programação:

DIA 24/09 (sexta-feira)

19h - Abertura com apresentação do ritual de cânticos sagrados a serem entoados nas línguas africanas das nações Xumbá, Iorubá e Bantu, com percussão de ilus (atabaques), abês e agogôs.

DIA 25/09 (sábado)

18h - Apresentação do grupo de afoxé Povo de Ogunté, remanescentes de Pai Adão, considerado a maior personalidade do Xangô no Recife.

DIA 26/09 (domingo)

18h - Apresentação do maracatu mirim "Raízes de Pai Adão", formado por tataranetos de Pai Adão



Serviço:


Mostra da Culinária de Terreiro de Pernambuco


Quando: de 24 a 26 de setembro de 2010, das 16h às 21h.


Atrações: No dia 24, abertura oficial, com ritual do Origui – Invocações em Orubá entoadas pelo babalorixá e apresentações de cânticos em ritmos africanos com integrantes das comunidades de terreiro. Das 19h às 21h. Nos dias 25 e 26/09, das 16h às 21h.


Onde: Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 - Madalena - Recife/PE)


Quanto: entrada gratuita





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