terça-feira, 16 de junho de 2009

JOÃO SILVA CANTA MAIS GONZAGA


O Clima junino já toma conta de todo estado. Hora dançar aquele forró dos bons bem agarradinho. Momento perfeito para os artistas lançarem seus trabalhos e faturarem um bom cachê. E quem aproveita essa oportunidade é o forrozeiro João Silva que no próximo dia 19, às 19hs, no Bar Central, lança do CD João Silva canta. Mais Gonzaga. O CD foi patrocinado pelo Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura. O projeto “João Silva Canta. Mais Gonzaga”, trata da gravação, mixagem e prensagem de CD com 12 faixas de autoria de João Silva e parceiros. João Silva é o homenageado no São João deste ano, pela Prefeitura do Recife. O intuito é registrar, conservar e divulgar a obra desse mestre do forró.




No repertório constam fonogramas de músicas compostas por João, maior parceiro vivo de Luiz Gonzaga e Severino Januário (irmão do Rei do Baião), nos quais ele e Gonzaga cantam juntos com o acompanhamento de Severino, um dos maiores instrumentistas brasileiros de sanfona de oito baixos, que pode ser ouvido nas cinco primeiras faixas. Também foram gravadas canções inéditas que João Silva compôs para Luiz Gonzaga, as quais não foram gravadas, em decorrência de seu falecimento.



PESQUISA - No intuito de homenagear João Silva, o pesquisador e escritor José Maria Marques concebeu o projeto “João Silva Canta. Mais Gonzaga”. Durante suas pesquisas percebeu que da lavra do mestre João Silva, mais de duas mil músicas foram gravadas por artistas de todo o Brasil, que apesar de ícone da música popular brasileira, é injustiçado pela total falta de informações sobre sua carreira, e por estar a maioria de seus discos fora de catálogo. Entre 1963 e 1989, João Silva compôs mais de cem músicas gravadas pelo Rei do Baião, a maioria tendo os dois como parceiros a exemplo de “Danado de Bom”, “Pagode Russo”, “Crepúsculo Sertanejo”, “Uma Prá Mim, Uma Prá Tu”, “Arcoverde Meu”, “Umbuzeiro da saudade”, “Meu Araripe”, entre outras. Optou-se por ressaltar essa parceria, valorizando sua obra que é de grande relevância para a história da música popular brasileira, gravando canções raras, registradas em LPs de mais de 30 anos, canções significativas das carreiras dos dois artistas.



A partir de gravações raríssimas, de um LP de Severino Januário da década de 60, e de outro LP de João Silva, da década de 70, foram selecionadas algumas canções para compor o repertório do CD “João Silva Canta. Mais Gonzaga”. Em algumas faixas os dois aparecem cantando juntos, já no final da carreira do Rei do Baião. As canções, gravadas em LP, preservam a voz de Luiz Gonzaga e receberam novos arranjos. A direção musical foi do próprio autor das músicas que trouxe para o CD, velhos parceiros, convidados a colaborar, como o maestro Genaro, um dos maiores sanfoneiros do país; o percussionista Quartinha, o baterista Zé Mário, entre outros. As músicas “Prá Não Morrer de Tristeza”, “Uma Prá Mim, Uma Prá Tu” e “Arcoverde Meu”, foram regravadas, mantidas suas condições originais, pela qualidade das mesmas.





O maior benefício que Pernambuco teve com a realização deste projeto, apoiando uma ação de recuperação, manutenção, conservação e ampliação do patrimônio cultural imaterial do Estado, através do registro de músicas desse grande ícone, é a valorização da obra de um mestre da cultura popular, que poderá estar acessível a toda a sociedade.




A PARCERIA – João Silva foi o mais longevo e profícuo parceiro de Luiz Gonzaga. Deu-lhe a primeira música, “Não foi surpresa”, em 1964, composta com ninguém menos do que João do Vale, para o LP “Sanfona do Povo”.
Nos idos de 1968 “Meu Araripe”, outra parceria dos dois amigos, fez retumbante sucesso. Aproveitando, João convidou Gonzaga para “dar uma força” no LP de Severino Januário “Forró Danado”. Naquele registro, cantaram cinco músicas, acompanhados pelo fole de oito baixos do irmão do Rei. Neste memorável CD, ditas canções foram remasterizadas, recebendo ainda o recheio da sanfona do Maestro Genaro e versos adicionais de Mestre João. Em cada uma dessas faixas João Silva dialoga com Seu Luiz e presta honras à sanfona de oito baixos, instrumento que começou o forró e encontra-se em vias de extinção.






Por fim, para completar este magnífico apanhado fonográfico, as cinco últimas canções, também remasterizadas, são grandes sucessos dessa parceria de mais de vinte e cinco anos entre Gonzaga e João, extraídos dos últimos LPs do Rei do Baião e onde cantam juntos, incluindo, ainda, “Forró bom tá é aqui”, uma composição de Genaro e João Silva, cantada por este último no LP “30 Anos de Forró”, de 1987, com a participação especial do mesmo Gonzagão.







SOBRE JOÃO SILVA – João Leocádio da Silva nasceu em Arcoverde (Agreste de Pernambuco), no dia 16 de agosto de 1935. Ele foi um dos maiores e mais expressivos parceiros de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Da união, nasceram músicas como “Danado de bom”, “Nem se despediu de mim”, “Não deixe a tanga voar”, “Sanfoninha choradeira”, além de dezenas de outros sucessos, que ainda animam os mais autênticos shows de forró.
Aos sete anos, João Silva já tocava pandeiro e se apresentava em rádios pelo Sertão. Aos nove anos ganhou um concurso como cantor. Aos dez anos apresentou-se no programa Ademar Paiva, na Rádio Clube de Pernambuco, tocando acordeom.


Aos 17, trocou Arcoverde pelo Rio de Janeiro e foi lá que, continuando a compor e fazendo apresentação pelas rádios, conheceu Luiz Gonzaga. Em 1964, Gonzaga gravou pela primeira vez uma música de João Silva: “Não foi surpresa”. Até o fim de sua vida, o Rei do Baião não parou mais de gravar João Silva. Até o fim da parceira, foram registradas 360 co-autorias entre os dois, entre gravações e regravações.


Tem mais de duas mil composições. Entre seus parceiros estão João do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Severino Ramos, Bastinho Calixto, Pedro Maranguape, Zé Mocó, Pedro Cruz, Dominguinhos, Sebastião Rodrigues e outros. Entre seus principais sucessos estão "A mulher do sanfoneiro", "Pagode russo", "Meu Araripe", "Uma pra mim outra pra tu" e "Pra não morrer de tristeza", que já teve cerca de 40 gravações. Como produtor, produziu discos de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson do Pandeiro, entre outros. Atuou também como arranjador. Em 2006, o coco "Como tudo começou", de sua autoria, foi gravado por Dominguinhos, no CD "Conterrâneos".