quinta-feira, 19 de junho de 2008

Médica ajuda a compreender a depressão em suas diferentes formas


Quando usamos o termo depressão estamos nos referindo a um transtorno médico, cujos sintomas e duração são específicos. “O tipo de depressão que necessita da atenção dos médicos afeta o humor, os pensamentos, a atividade física e o comportamento, de várias formas”, afirma a médica, geriatra e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho.
A depressão é uma disfunção que afeta principalmente a saúde e o comportamento do indivíduo. Alguns problemas econômicos como o desemprego, o nível salarial, as pressões e exigências do mercado de trabalho ou situações de vida envolvendo separação, luto e relações familiares podem desencadear uma depressão. É importante destacar que a depressão pode se apresentar de diversas formas, como em homossexuais, crianças, adolescentes, adultos, idosos e, num caso específico, a depressão pós-parto.
No caso dos homossexuais, de acordo com a médica e psicanalista, a frustração, a carência afetiva e a dificuldade de aceitação estão entre os principais motivos da depressão. Ela explica que, normalmente, sentimentos de ansiedade, a culpa, rejeição, medo, aborrecimento e sensação de vazio fazem parte do quadro que deve ser observado para o diagnóstico da depressão. No final de 2006, uma pesquisa feita pelo Instituto Medius para a Saúde do Homem Homossexual, constatou que um em cada cinco homossexuais sofre de depressão. Soraya relaciona esse fato com a solidão e a discriminação social que esse grupo sofre.
Nas crianças, a depressão costuma manifestar-se a partir de uma situação traumática, como separação dos pais ou a morte de uma pessoa querida. A doença combina fatores biológicos, psicológicos, sociológicos e ambientais. Soraya salienta que o diagnóstico de depressão é mais difícil nas crianças, pois os sintomas podem ser confundidos com ‘birra’, falta de educação, mau humor, tristeza e agressividade. Por isso, segundo ela, é necessário ficar atento a qualquer mudança de comportamento da criança, para que o tratamento seja iniciado imediatamente.
A adolescência é vista como uma fase conturbada. Esta etapa da vida é acompanhada de muitas mudanças físicas, emocionais, psicológicas e sociais. A médica avalia que, devido à competitividade e complexidade, presentes no mundo globalizado, muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação com as quais se deparam diariamente, o que causa a frustração e a sensação de inutilidade.
Embora possa começar em qualquer idade, a maioria dos casos de depressão tem seu início na fase adulta, entre os 20 e os 40 anos. “Tipicamente, os sintomas se desenvolvem no decorrer de dias ou semanas e, se não forem tratados, podem durar de seis meses a anos”, diz a psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho. Até um terço dos casos estão associados a condições médicas como câncer, dores crônicas, diabetes, epilepsia, infecção pelo HIV ou derrame cerebral. E, além disso, diversos medicamentos de uso continuado podem provocar quadros depressivos.
O preconceito, a ociosidade, problemas econômicos, a perda do convívio social e até mesmo as limitações normais da idade podem gerar um quadro depressivo nos idosos. Soraya explica que os sintomas podem ser confundidos com o de outras doenças que se apresentam nessa fase da vida. Segundo ela, a depressão nos idosos é um importante problema de saúde, porque traz sofrimento ao paciente, incapacitando-o para certas atividades, ampliando as limitações ocasionadas por outras doenças e sobrecarregando familiares e cuidadores.
A depressão pós-parto acomete mulheres que acabam de dar a luz e se caracteriza por uma tristeza muito profunda e prolongada, com perda de auto-estima e de motivação para a vida e rejeição do bebê, podendo chegar ao suicídio e ao infanticídio. De acordo com a médica e psicanalista, a doença pode se manifestar com intensidade variável, tornando-se um fator que dificulta o estabelecimento de um vínculo afetivo seguro entre mãe e filho. Segundo Soraya, esse tipo de depressão pode aparecer entre 48 horas e seis meses após o parto. O tratamento pode ser ginecológico, com intervenção hormonal; psiquiátrico, com utilização de antidepressivos que não prejudiquem a amamentação e através de terapias.

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